"Monologo do palco vazio"

Dai-me fogo para aquecer minha translucida pele e folego para levantar, as tortuosas manchas ainda é um peso no peito. Verter lágrimas isso é possível? Ainda é cabível?

Mesmo após tantos outonos. Eis-me aqui desprovido de corpo, paixão, sentido ou sonho, apenas um núcleo exposto para ser moldado, um "bronco" em tempos modernos. Toda a crença ou algum tipo de fé foi substituída por flertes mal concebidos.

Dai-me o fluido que bombeia a vida para que com misericórdia possa acalentar minhas lastimas e desventuras como um arremedo de gente me faço palhaço o mais lúdico dos prazeres pois assim mascaro minhas magoas, pinto minhas incertezas e sorrio para minha tristeza.

E meu peito doí, mais pelo mal que causo a mim, do que qualquer outra coisa. E hoje vendo esse vazio deste palco, lembro dos tempos nos quais ele era vasto, seleto, fervoroso, mas agora com esse som de vazio ecoando dele, entendo que tudo muda menos o que consome minhas madrugadas.

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