A estatua de mármore

Sibilando, em mais uma noite escura. Na qual nada preenche minha alma, ao apagar das luzes, quieto na escuridão apenas a música explode aos ouvidos, tentando me levar ao estado de torpor. Quieto, imagens lúdicas vem a embalar meu sono, como estórias não escritas, repletas de olhares onde tudo é sombrio, frio, sólido, imutável.... como a morte.

Lá está ela que mesmo aquecida pelo sol é fria como a noite, a me estender o seu pulso. Ao testar sua carne, e o gosto onírico do seu sabor explode em minha boca, mostrando um passado que é recente, onde sua pele de cor de café ao leite, ainda é vivido e quente como terra seca em um dia quente. Imagens mostram como seus lábios estreitos mas famintos que aquece meu corpo, me pego de sobre salto na escuridão mas ela não está aqui.

Ao voltar ao meu ressono, ela vem e torna a me oferecer os pulsos, e me pego em uma tarde quente, ela me toca e suas mãos esguias rejuvelhecem meu ser. E o movimento constante de seu corpo nutre o meu, dançando como uma cobra preste a dar um bote.

Tudo é surreal para ser real, outra explosão atinge minha boca o jorro quente, viscoso e salgado do seu pescoço inunda meu coração amargurado. Nesse frenesi, me pego observando a estatua que é sua personificação que está enegrecida como uma ônix com seu tamanho natural.

E quando dou por mim a música parou, o calor fumegante do raiar o dia me mostra que tudo fora uma ilusão e me pergunto, "foi minha sede do seu sabor que a deixou fria e inerte? Ou foi apenas o tempo a nos mostrar o quanto estávamos errados?"

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